quarta-feira, 23 de março de 2011

Esta noite fechei as portas e julgando esquecer, não deixei que amanhecesses em mim. Fiquei suspensa nas mãos do tirano de barbas rígidas que tudo rouba e recusei todas as manhãs. Talvez como quem carrega um rochedo sabendo que a imortalidade não pode acontecer a quem recusa uma só réstia de luz. Talvez como quem quer apagar todas, ou poucas, memórias que o homem de barbas rígidas insiste guardar. Talvez como essa Ode grega que insisto em não dizer. Talvez como uma incerteza nos braços daquele que deixou apodrecer as maçãs e insiste em levar as violetas para a outra margem do rio que poucos sabem que existe…
Talvez esta noite as portas que julguei fechar não existam porque o dono das coisas, o tirano, o de barbas rígidas, o Tempo, não deixa esquecer que possas ser uma manhã nas artérias de alguém.
Talvez as violetas sob o gelo não estejam numa outra margem de um rio qualquer (que não existe), mas em ti.
Talvez esses laços que te amarram os braços sejam uma prece e ainda não saibas...

Um comentário:

  1. Muito bom este incognitivo texto...
    Momento particular de pura inspiração, obra de quem tem no coracao conteudo a ser explorado, tanto pelo dono do coração tanto por quem ainda há de vir...
    Very Nice.

    H.C. de Souza

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