sexta-feira, 25 de março de 2011

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"...Fermiza Daza estava na cozinha provando a sopa para o jantar, quando ouviu o grito de horror da Digna Pardo e o alvoroço da criadagem da casa e depois da vizinhança. Atirou a colher de pau e tratou de correr como pôde sem saber ainda o que acontecia debaixo da copa da mangueira e o coração lhe estourou em estilhaços quando viu seu homem estirado de costas no lodo, já morto em vida mas resistindo ainda um último minuto à chicotada final da cauda da morte para que ela sua mulher tivesse tempo de chegar. Chegou a reconhecê-la no tumulto através das lágrimas de dor que jamais se repetiria de morrer sem ela, e a olhou pela última vez para todo o sempre com os mais luminosos, mais tristes e mais agradecidos olhos que ela jamais vira no rosto dele em meio século de vida em comum, e ainda dizer-lhe com o último alento:
- Só Deus sabe quanto amei você."

O Amor nos Tempos do Cólera-Gabriel Garcia Marquez, página 59.

2 comentários:

  1. "... e ele, á meia duzia de países, abatido pela distância e profundamente irritado com o Senhor de barbas rígidas (o temmpo) e com o ser humano idiota tentando arrancar (sem sucesso)sentimentos enraizados em seu pobre coração que insiste em contatar a borboleta com asas azuis que gosta de café e espalhar palavras por aí.. (ufa!)Diz:
    - So Deus abe o quanto amo você."

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  2. Quem lê este livro não tem como não chegar a conclusão que o amor de verdade realmente existe. Firmina foi amada por 50 anos, e mesmo dolorido, esse amor vivia ao longo desses anos.. é um exemplo!
    Não tem como escolher qual a parte mais marcante, ele é por todo marcante!
    Grande abraço querida, quero saber noticias quanto ao curso, viu!


    p.s:^ só Deus sabe mesmo! rs

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